15 fev 2017 - 12h59

Uma agenda obrigatória contra a crise

Como superar a pior fase econômica e política da história do País? Gino Oyamada, fala sobre o assunto em artigo exclusivo para a Folha de Londrina.

 

Estar atento às macros tendências é agenda obrigatória para aqueles que buscam a longevidade de suas organizações

E cá estamos em 2017. Como vamos superar a pior fase econômica e política da história do País, pior até mesmo do que a crise global de 1929 e do pós-guerra? Como melhor podemos gerir os nossos negócios? Quais as ferramentas que estão ao nosso alcance? 

Um primeiro ponto é atuar com agendas positivas, a despeito de tudo que tem acontecido. Estou convicto de que a crise que vivemos não é fruto de variáveis externas, e sim algo totalmente “made in Brazil”. Ela teve suas raízes na ética, ou melhor, na falta dela. Como resultado de um projeto de poder, rasgaram-se as Leis de Diretrizes Orçamentárias e a de Responsabilidade Fiscal. 

Mas os gestores não podem se deixar contaminar. É papel dos líderes empresariais, acionistas e principais executivos, engajar suas comunidades em torno de propostas e princípios. Os resultados podem demorar, mas virão. Assim é a história da humanidade: as coisas acontecem a partir de mudanças no comportamento geral das pessoas. 

Temos muito a ser feito e oportunidades existem. Importante é estarmos atentos e preparados; bastará um fato novo, uma perspectiva diferente, um resgate na credibilidade dos poderes e rapidamente teremos outro cenário. E temos de estar preparados para novamente surfar a onda. 

Um segundo e primordial ponto é o engajamento das equipes internas das organizações. Pode parecer jargão, mas não vejo isso como uma máxima na gestão de muitas companhias com as quais tenho contato como consultor e conselheiro de empresas. É hora de humildade, de união, de ouvir, de compartilhar ideias e ideais, de jogar juntos. 

2017 ainda é um ano em que o “caixa” será o rei. A boa gestão do fluxo financeiro ainda irá reinar. Não poderemos deixar de priorizar a formação de reservas para a travessia de marés ainda tumultuadas. O custo de capital deverá diminuir com o arrefecimento da inflação, mas a oferta de crédito não voltará com a ênfase e velocidade necessárias. 

Outro ponto a ser levantado é a revisão continuada dos negócios da empresa. Uma pesquisa recente entre os maiores CEOs do país revela que eles reconhecem que seus negócios não serão os mesmos em 3 a 5 anos. Neste curto espaço de tempo algo efetivamente irá mudar, seja na tecnologia aplicada aos seus produtos e processos industriais, seja no modelo de vendas, logística e distribuição, na cadeia competitiva em que sua empresa esteja inserida, seja na relação com seu quadro funcional. E não serão mudanças pequenas. Elas tendem a ser rápidas e de grande impacto. 

Estar atento às macros tendências é agenda obrigatória para aqueles que buscam a longevidade de suas organizações. É hora de praticar o desapego e abrir os olhos para o que vem por aí; é hora de buscar o novo, de praticar o benchmark e de conhecer outras práticas e realidades. 

Por fim, recomendo enfaticamente a instituição de modelos mais estruturados de governança corporativa. Pesquisas revelam que grande parte das empresas ainda carece de fóruns mais adequados para lidar com perspectivas, com o amanhã. O ontem e o hoje ainda dominam grande parte das agendas executivas e até mesmo de acionistas e controladores. Temos que abrir espaço para agendas prospectivas, para outras opiniões; temos que pautar e planejar nossas reuniões com mais qualidade; temos que segregar propriedade da gestão; temos que decidir em bases mais sólidas e estruturadas; temos que mapear e gerir riscos com mais precisão; temos que introduzir acordos de acionistas que venham a mitigar conflitos futuros; temos que observar e incentivar a adoção das melhores práticas de “compliance” e ter total aderência aos melhores códigos de ética e conduta. 

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