28 maio 2019 - 13h05

Novo conselheiro da Petrobras é empreendedor que vendeu startup ao Google

Nivio Ziviani também é professor emérito da UFMG. Pesquisador teve o seu nome aprovado pelo conselho da Petrobras

 Entre economistas, advogados e especialistas do setor de petróleo, o conselho de administração da Petrobras deve ganhar o reforço de uma figura um tanto quanto atípica na estatal: um professor que é Ph.D. em Ciência da Computação, fundou quatro startups de tecnologia e vendeu uma delas ao Google.

Nivio Ziviani, professor emérito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), teve o seu nome aprovado pelo conselho da Petrobras no dia 21 de maio para ocupar uma vaga no colegiado.

O professor pode ser um conselheiro chave para uma antiga estatal em um momento em que a indústria de petróleo, assim como tantas outras, passa por uma transformação digital. O economista Roberto Castello Branco, presidente da Petrobras, tem dito em entrevistas que quer acelerar a transformação digital da empresa para melhorar a sua eficiência tanto nas operações quanto nas atividades corporativas.

Ph.D. em Ciência da Computação pela Universidade de Waterloo, no Canadá (1982), Ziviani é um dos poucos pesquisadores brasileiros que conseguem transformar seus casos acadêmicos em negócios viáveis — e que, de quebra, ainda valem alguns milhões.

Nos últimos 20 anos Ziviani fundou três startups especializadas em ferramentas de busca na internet. Todas elas surgiram a partir de trabalhos iniciais feitos na UFMG e foram vendidas em pouco tempo. A primeira, a Miner, foi criada em 1998, e era especializada em organizar buscas de segmentos específicos. Ela foi adquirida pelo grupo UOL no ano seguinte, por R$ 4 milhões.

A segunda da lista, a Akwan, surgiu logo depois, em 2000, e ajudou a desenvolver os primórdios do sistema de busca da internet no Brasil. A empresa foi adquirida pelo Google em 2005 por um valor nunca revelado. Foi por causa dessa aquisição que Belo Horizonte tornou-se o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento do Google na América Latina, utilizando inicialmente a estrutura já montada da Akwan.

Por último, a empresa de buscas voltada para o comércio eletrônico Neemu foi adquirida pela fabricante de softwares Linx por R$ 55,5 milhões em 2015.

A mais nova empreitada do professor Ziviani, iniciada no começo de 2016, é a Kunumi — fruto de quatro anos de estudos do professor e do hoje diretor de tecnologia da empresa, Juliano Viana, ex-aluno da UFMG. A startup de inteligência artificial tem uma plataforma tecnológica que imita o funcionamento do cérebro, com uma rede neural artificial, e desenvolve trabalhos para áreas que vão desde a construção civil até a composição de músicas. Em suas entrevistas, Ziviani sempre declarou que a Kunumi tem potencial para ser muito maior do que os outros negócios que já criou, justamente por estar inserida na área da inteligência artificial.

É toda essa bagagem que o pesquisador deve levar para a Petrobras. Indicado pelo governo para o conselho da estatal e já validado pelo colegiado, o nome de Ziviani agora precisa ser aprovado na próxima assembleia de acionistas. Ajudar a digitalizar uma companhia que já foi apelidada de “Petrossauro” pode ser a tarefa mais difícil que Ziviani já teve.

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