5 dez 2016 - 13h07

Como diminuir a solidão do poder

Gino fala na revista da Federação das Indústrias do Estado do Paraná, sobre a solidão do poder

Não bastassem os naturais desafios internos de qualquer organização, os líderes enfrentam variáveis externas complexas, que exigem decisões difíceis e dolorosas, que envolvem riscos, afetam pessoas, mudam destinos… Muitas dessas decisões acabam sendo tomadas de forma solitária, configurando aquilo que vamos chamar de “a solidão do poder”.

Decidir exige reflexão, debruçar-se sobre causa e efeito, e ação rápida, sob pena de o problema se agravar. Decidir impõe angústia, dúvidas e insônia. Assim é a vida de quem comanda os negócios, por mais bom ouvinte que  seja e por mais que compartilhe a vida da empresa com seus liderados e conselheiros.

Controlador majoritário do negócio, CEO de uma organização com múltiplos acionistas, ou mesmo líder de uma unidade de negócio, o líder viverá a solidão de ter que decidir, sob pena de alguém ou uma circunstância decidir por ele.

Mas há, sim, várias formas de minimizar a “solidão do poder” em benefício do negócio e porque não da própria saúde do executivo. Como ponto de partida está o cultivo de um ambiente organizacional em que reine a confiança mútua, onde se ouçam e respeitem opiniões. Não cabe mais o estilo “top down” de gestão!

Outra recomendação é uma modelagem organizacional leve, com poucos níveis, mais horizontal, e idealmente num ambiente com o mínimo de paredes e portas (open space).

É interessante que os executivos, aí incluindo o principal executivo, convivam num ambiente único, aberto, em que as conversas fluam e as opiniões possam ser colhidas e percebidas de imediato, sem agenda prévia. Isto facilita o mútuo saber, o conhecimento coletivo, a franqueza nas relações, eliminando o elemento surpresa.

Mas a maior contribuição vem de uma boa estrutura de governança corporativa. A comunicação e os fóruns estabelecidos nas estruturas de governança viabilizam a discussão de valores, o pensamento e a ação voltada à estratégia, minimizando riscos e garantindo a longevidade com resultados consistentes e remuneratórios aos acionistas.

Para tanto não cabe mais o amadorismo.

Governança tem que ser um fórum de competências, de alta capacidade de agregação de valores, de diversidade, experiência e melhores práticas, e não um fórum para reunir familiares acionistas e amigos. A convivência com Conselheiros Independentes ou mesmo Consultivos é de grande valia para as lideranças da empresa se estiverem alinhados às necessidades estratégicas, seus valores, cultura, seu momento e desafios.

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