17 abr 2019 - 14h19

CEO da Disney poderá sair do conselho da Apple por possível conflito de interesses

Empresas serão concorrentes no serviço de streaming de vídeo

Por Eduardo Marques

Robert Iger (conhecido como Bob Iger), atual CEO1 da Disney, faz parte do conselho de administração da Apple desde 2011. Trata-se de algo bem comum para executivos desse calibre: Tim Cook (CEO da Apple), por exemplo, faz parte do conselho de administração da Nike, enquanto Eddy Cue (vice-presidente sênior de software e serviços de internet da Apple) é do conselho da Ferrari.

E o que faz um conselho de administração? Trata-se de pessoas (eleitas ou designadas) que supervisionam as atividades de uma organização e, de certa forma, ajudam a elaborar estratégias, direcionando a empresa. Mas a cadeira de Iger está agora ameaçada. Não por ele ter feito algo que tenha desagradado os acionistas da Apple ou por não querer mais fazer parte do conselho. O problema é mais profundo.

Como sabemos, a Apple deverá lançar muito em breve um serviço de streaming de vídeo para chamar de seu. E o problema está exatamente aí, já que a Disney também lançará um. Ou seja, as empresas se tornarão concorrentes ferrenhas em um mercado que não para de crescer — e não faz muito sentido o CEO de uma dessas empresas fazer parte do conselho da outra, já que estratégias e muitas outras coisas relevantes são discutidas nessas reuniões do conselho.

Segundo a Bloomberg, a Apple assinou vários acordos com a Disney (incluindo acordos de licenciamento de conteúdo de serviços digitais). Ainda assim, Iger não teria “um interesse material direto ou indireto” nessas transações.

“Eles podem ter que reconhecer que se tornarão competidores ativos no futuro próximo”, disse John Coffee, diretor do Centro de Governança Corporativa da Columbia Law School. Ele suspeita que ambas as empresas tenham consultores jurídicos investigando se Iger deveria ou não permanecer no conselho de administração da Apple.

Caso Iger tenha que sair do conselho da Apple, o episódio não seria o primeiro na história da empresa. Após o lançamento do iPhone e a entrada do Google no mercado de smartphones com o Android, a posição de Eric Schmidt (até então CEO do Google) no conselho se tornou bastante complicada já que ele não podia participar mais de todas as reuniões do conselho por conta dos potenciais conflitos de interesse — culminando na saída do executivo, em 2009.

Veremos o que acontecerá desta vez.

Leia também em: https://macmagazine.uol.com.br/2019/03/06/ceo-da-disney-podera-sair-do-conselho-da-apple-por-possivel-conflito-de-interesses/

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