Mudança cultural é a mola mestra para uma boa governança corporativa
A implantação da governança corporativa terá sucesso se os líderes mudarem comportamentos do dia a dia, de forma gradual e consistente
A implantação da governança corporativa terá sucesso se os líderes mudarem comportamentos do dia a dia, de forma gradual e consistente
Por Christiano de Oliveira
A Governança Corporativa (GC) só é instituída, de fato, mediante profunda transformação cultural. Em contraponto, a cultura das organizações ainda funciona como um antídoto instalado para a adoção das suas práticas: a rigidez comportamental dos seus líderes.
Embora seja ponto pacífico que só se garante a longevidade e atuação sustentável das organizações com a implantação do conjunto de regras, normas e práticas da GC, na prática ainda não avançamos o suficiente nesse tema por uma resistência das lideranças à transformação cultural.
De um lado temos líderes como protagonistas na adoção de hábitos transformadores da cultura, de outro temos estes mesmos líderes como responsáveis pela manutenção de velhas práticas.
No meio, podemos dizer: a transformação cultural é a mola mestra para a adoção das práticas da GC.
Gosto muito da seguinte definição de cultura: “É o jeito como as coisas acontecem por aqui”. E ponto! Sem juízo de valor e determinando que cada organização desenvolve a sua própria cultura, com características singulares, únicas. Imaginar a adoção de regras e práticas que regulem a forma de comportamento diferentemente de antes é concordar que o jeito como as coisas acontecem na atualidade não servirão para o futuro.
Qualquer mudança comportamental exige esforço e não é fácil. E, na medida que nos desenvolvemos, transformamos comportamentos antigos em hábitos e, muitas vezes, em vícios. Uma norma, prática ou regra não habitual só é assimilada mediante um processo de transformação.
A GC implementada traz, a reboque, um grande conjunto de regras, normas, políticas, processos e procedimentos a serem seguidos nas mais diversas relações da organização. Isso inclui relações com funcionários e clientes, fornecedores, parceiros terceiros e toda a comunidade presente na cadeia de produtividade em que está instalada. Significa que o grau de transparência e coerência em suas ações tem de tratar todas essas esferas com equidade, conduta fundamental para a construção de um futuro sustentável e socialmente responsável.
Um programa de implantação ou de melhoria da GC somente terá sucesso se os principais líderes adotarem uma mudança comportamental, seja na forma como comunicam seus resultados, como escolhem seus fornecedores, como mitigam riscos e criam suas políticas de compliance, seja como estabelecem canais de comunicação com seus colaboradores e a sociedade, como deliberam sobre ações estratégicas de curto, médio e longo prazos, etc. E qualquer mudança comportamental requer preparo, planejamento e deve ser escalonada em doses homeopáticas.
Enfrentar uma mudança cultural exige, via de regra, um esforço contra a dureza. E é assim que acontece nos ecossistemas corporativos. Fato é que, independentemente da existência de crenças limitantes que defendem a manutenção de antigas práticas, novas regras e a transparência vem aparecendo nos ambientes corporativos. Que bom! Imprimir a adoção de boas práticas e torná-las transparentes é a nova a meta a ser perseguida, uma total mudança na forma de relacionamento das empresas com seus steakholders.
Hoje, o humor de empresários e investidores está diferente em relação ao Brasil, tanto pelo futuro cenário econômico mais promissor, quanto pelo regramento que empresas estão adotando na forma como se comunicam com o mercado.
Ao contrário dos últimos quatro anos, empresários e executivos voltam a fazer planos, voltam a querer contratar, lançar produtos, serviços e ainda colocam a responsabilidade social nessa agenda.
E uma boa governabilidade é mais que obrigatória para qualquer empresa que busque crescer com responsabilidade social e de forma sustentável. A Governança permite um completo alinhamento entre acionistas, executivos, leis e regulações, gerando credibilidade na imagem perante o mercado e, por sua vez, um bom humor generalizado.
Uma vez vencida a crença limitante que mantém líderes resistentes à transformação cultural em suas organizações, se instaura um ambiente propício à adoção das boas práticas da GC, ambiente esse capaz de garantir longevidade e uma efetiva atuação social dessas organizações em toda a extensão das cadeias produtivas em que estão inseridas.
*Christiano de Oliveira é especialista em Governança Corporativa pela Fundação Dom Cabral (FDC) e sócio gerente da 3G Governança, Gestão e Gente
christiano.oliveira@3gconsultoria.com.br
http://www.sistemafiep.org.br/aindustriaemrevista/edicao-23.html
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